Um só homem pode levar-nos ao apocalipse?
Ninguém questiona que se a
Rússia conquistar Kiev, os ucranianos perdem a liberdade de decidir o seu
futuro, tal como acontece com os chechenos e bielorrussos.
É perfeitamente natural que
outros países se sintam ameaçados. Quem sabe quais são os planos de Putin...
quanto mais próximo…
Putin odeia quem lhe faz
frente, principalmente se os considera mais fracos.
Para Putin, os mais fracos
devem subjugar-se aos mais fortes (por mais fracos, entenda-se os que têm menos
poder militar).
Claro que neste caso existem
agravantes: os ucranianos e os russos são vizinhos e falam idiomas
suficientemente parecidos ao ponto de se conseguirem entender, e ambos fizeram
parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
No entanto, os ucranianos
mostraram vontade de se passarem para o outro lado: viver num regime
democrático e com liberdade de expressão.
Imagine o péssimo exemplo que
estariam a dar aos seus vizinhos de leste, se ainda por cima tivessem maior
poder de compra.
Recentemente assisti numa
reportagem diária sobre a guerra na Ucrânia, um ucraniano dizer que os soldados
russos lhe perguntavam, porque é que eles tinham WC dentro de casa.
Mas há um outro fator que está
na origem desta guerra e que se repete desde que o homem passou a viver em
grandes grupos (cidades / estados).
Refiro-me obviamente ao facto
de haver homens que têm demasiado poder, e que muitas vezes se servem desse
poder, em nome de um povo que não estão a representar.
Estou fortemente convencido
que a maioria dos russos não queria esta guerra, e que responderia não à
pergunta, se tivessem a certeza do anonimato da resposta.
Uma coisa é um povo reunir-se
em massa, nas praças das principais cidades espalhadas pelo país, e gritar em
uníssono: “queremos um líder que nos conduza na guerra contra a Ucrânia”; ou
coisa bem diferente, é entrar numa guerra sem ser consultado, ser manipulado
acerca do que se está a passar, perder acesso a informação independente, e
correr sérios riscos de ser punido sempre que falar livremente.
Putin tem o poder de destruir
a vida a milhões de ucranianos, mas não só…
Não sei se algum dia deixará
de haver pessoas com tanto poder, da mesma forma que não sei se algum dia
deixará de haver pessoas com tanto dinheiro…
Quantos foram os responsáveis
por demasiadas mortes nos últimos dez mil anos? E desses, quantos ainda hoje
são admirados?
Façamos um pequeno exercício:
Imagine que a Ucrânia começa a impor derrotas militares à Rússia. A certa
altura, os generais russos começam a propor a retirada. Putin enraivecido manda
atacar Kiev com misseis nucleares.
Alguns são intercetados, mas
dois provocam um mar de destruição e muitos milhares de mortos.
O que é que faria o mundo?
Nomeadamente os países que condenassem este ataque, e em particular, todos
aqueles que defendem que a Ucrânia tem o direito de decidir livremente em que
regime quer viver.
Para além de alimentos e
outros bens necessários, enviariam máscaras antigás nuclear?
Alguns diriam que Putin foi
longe demais?
E se esta guerra escalasse
para uma guerra mundial que se tornasse nuclear?
Julgo que este cenário (bem
como muitos outros) já foi concebido (mas não sei o resultado).
A pergunta que ficou no ar:
será que quando Putin ordenasse o ataque a Kiev com mísseis nucleares, essa
ordem insana seria obedecida?
Será que ele tem poder para
pôr fim à humanidade?
(por instantes, esqueça essa
coisa de haver alguns que sobrevivem dentro de bunkers e que recomeçariam tudo
de novo).
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