13.
Sobrevivemos através da reprodução
A única forma de garantirmos a
continuidade da nossa espécie é através da reprodução. Aliás, nesse aspeto somos
iguais a todos os restantes seres vivos. Até o vírus Covid-19 que não tem
metabolismo, apenas sobrevive reproduzindo-se (passando de uns hospedeiros para
outros).
Individualmente a nossa
passagem é efémera. No máximo conseguimos fazer algo que seja relevante. Mas a
evolução da espécie necessita de tempo que ninguém consegue ter. Mesmo que com
o passar dos anos, o desenvolvimento tecnológico permita-nos alterar a atual situação,
a reprodução (muito provavelmente) terá sempre um papel determinante na
continuidade da espécie, mesmo quando a evolução nos levar para situações longe
de imaginar nos dias de hoje, como por exemplo, a gestação dar-se fora do corpo
(útero) de uma mulher.
A natureza “tem conhecimento”
da necessidade da reprodução para a continuidade da espécie. Na verdade, “sabe
disso” muito antes de nós. Por isso, esse é um instinto natural tão forte: “querer
ter filhos”.
Para de algum modo podermos
sobreviver-nos através deles (transportam a nossa herança genética, para além
de valores e conhecimentos que lhes tenhamos conseguido transmitir). Outro
instinto natural fortíssimo é a sobrevivência, tão necessário para a
reprodução: sobrevivemos para nos reproduzirmos e reproduzimo-nos para que a
espécie sobreviva.
Chegar à idade reprodutiva é
uma forma de seleção natural. Só quem lá chega pode reproduzir-se.
Claro que você conhece pessoas
que não querem ter filhos. É um assunto complexo que suscita várias análises,
mas que foge ao tema deste capítulo.
A grande maioria das pessoas
quer ter filhos. Por agora é isso que estamos a analisar.
É graças à reprodução que a
vida se tem prolongado desde que se formou há cerca de quatro mil milhões de
anos atrás.
A vida sempre procurou
garantir a sua continuidade e a reprodução foi a forma encontrada. Nada foi
deixado ao acaso, nem sequer ao livre-arbítrio.
A sua importância é de tal
ordem que a natureza não se ficou por criar instintos de maternidade e
paternidade, foi ainda mais longe ao condicionar através da atração sexual,
gerando tensões e/ou proporcionando prazeres que se libertam com atos que estão
na base da procriação.
O que estou a querer realçar é
a força deste instinto, ou se preferir deste “querer”. A grande maioria das
pessoas quer ter filhos e acima de tudo quer poder ter os que quiser (mesmo que
opte por não ter mais do que um).
Não é fácil para ninguém, nem
mesmo para um primeiro-ministro, um presidente ou até mesmo um ditador dizer à
população do seu país que não podem ter filhos, ou que só podem ter um ou mesmo
dois.
Ninguém ia gostar de ouvir
esse tipo de ordem e muitos não estariam preparados para a aceitar. Mas é
importante que a população um dia estabilize, e é desejável que o seu número esteja
adequado à capacidade de criação de riqueza.
Muitos cientistas têm dito que
o crescimento da população abranda ou até decresce com o aumento da qualidade
de vida (em particular das mulheres).
Os factos parecem confirmar
essa afirmação. Assim que surgem possibilidades de melhorar o nível de vida, os
pais procuram ter menos filhos para poderem investir mais e melhor no futuro
dos seus descendentes.
Pessoalmente creio que a vida
agitada e com pouco tempo disponível para atividades pessoais e familiares
também tem um peso relevante na decisão de muitas famílias de não terem mais do
que dois filhos (muitas ficam-se por apenas um).
Estes dois fatores ajudam a
compreender porque é que a diminuição da população está fortemente relacionada
com os países onde o nível de vida atingiu valores mais elevados.
Mas independentemente do que
está a acontecer em muitos dos países mais ricos e desenvolvidos, o facto é que
a população mundial ainda não parou de crescer.
Também não é cem por cento
seguro afirmar que um dia todos os países do mundo terão um bom nível de vida,
de tal modo que o controlo da natalidade se fará por si só.
Por mais que nos custe, a
população não poderá crescer sempre, infinitamente. Isso só poderá acontecer se
e quando conseguirmos transportar população para planetas habitáveis (parecidos
com o nosso).
Sendo o Universo infinito,
essa poderia ser uma solução, mas ao que tudo indica, está longe de ser
alcançada. Seria necessário conseguirmos produzir naves espaciais com
capacidade de transportar pessoas e carga que viajassem a velocidades muito superiores à velocidade da luz.
Até que isso possa
eventualmente acontecer, temos de viver com as condições que temos: Planeta
Terra com os seus limites.
Está na hora de mudarmos de
paradigma. Os recursos não são ilimitados, a economia não cresce sempre, não
podemos usar e gastar como se nunca acabasse.
Temos de aprender a viver de
forma sustentável.
Tentaram vender-nos a ideia
que a diminuição da população coloca em risco a sustentabilidade da segurança
social. A verdade é que isso, um dia, pode vir a ser necessário.
Antes de pensarmos na
estabilização da população, devemos começar por pensar em planear a longo prazo,
para sabermos para onde queremos e até onde podemos ir.
É preferível que sejamos nós a
definir o nosso rumo, de modo realístico, do que optar por ir remendando.
A pobreza e a instabilidade
são terrenos férteis, para oportunistas com discursos que procuram instalar
medos.
Quantos podemos ser em face do
que produzimos, do modelo económico que escolhemos e dos nossos valores?
Para que no limite, ninguém
viva abaixo do limiar mínimo de qualidade de vida, que entendemos por aceitável.
Tudo isto sem esquecer que o
planeta não é só nosso!
Isso é uma tema que pouca gente entende
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