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sábado, 16 de julho de 2022

 


13.          Sobrevivemos através da reprodução

A única forma de garantirmos a continuidade da nossa espécie é através da reprodução. Aliás, nesse aspeto somos iguais a todos os restantes seres vivos. Até o vírus Covid-19 que não tem metabolismo, apenas sobrevive reproduzindo-se (passando de uns hospedeiros para outros).

Individualmente a nossa passagem é efémera. No máximo conseguimos fazer algo que seja relevante. Mas a evolução da espécie necessita de tempo que ninguém consegue ter. Mesmo que com o passar dos anos, o desenvolvimento tecnológico permita-nos alterar a atual situação, a reprodução (muito provavelmente) terá sempre um papel determinante na continuidade da espécie, mesmo quando a evolução nos levar para situações longe de imaginar nos dias de hoje, como por exemplo, a gestação dar-se fora do corpo (útero) de uma mulher.

A natureza “tem conhecimento” da necessidade da reprodução para a continuidade da espécie. Na verdade, “sabe disso” muito antes de nós. Por isso, esse é um instinto natural tão forte: “querer ter filhos”.

Para de algum modo podermos sobreviver-nos através deles (transportam a nossa herança genética, para além de valores e conhecimentos que lhes tenhamos conseguido transmitir). Outro instinto natural fortíssimo é a sobrevivência, tão necessário para a reprodução: sobrevivemos para nos reproduzirmos e reproduzimo-nos para que a espécie sobreviva.

Chegar à idade reprodutiva é uma forma de seleção natural. Só quem lá chega pode reproduzir-se.

Claro que você conhece pessoas que não querem ter filhos. É um assunto complexo que suscita várias análises, mas que foge ao tema deste capítulo.

A grande maioria das pessoas quer ter filhos. Por agora é isso que estamos a analisar.

É graças à reprodução que a vida se tem prolongado desde que se formou há cerca de quatro mil milhões de anos atrás.

A vida sempre procurou garantir a sua continuidade e a reprodução foi a forma encontrada. Nada foi deixado ao acaso, nem sequer ao livre-arbítrio.

A sua importância é de tal ordem que a natureza não se ficou por criar instintos de maternidade e paternidade, foi ainda mais longe ao condicionar através da atração sexual, gerando tensões e/ou proporcionando prazeres que se libertam com atos que estão na base da procriação.

O que estou a querer realçar é a força deste instinto, ou se preferir deste “querer”. A grande maioria das pessoas quer ter filhos e acima de tudo quer poder ter os que quiser (mesmo que opte por não ter mais do que um).  

Não é fácil para ninguém, nem mesmo para um primeiro-ministro, um presidente ou até mesmo um ditador dizer à população do seu país que não podem ter filhos, ou que só podem ter um ou mesmo dois.

Ninguém ia gostar de ouvir esse tipo de ordem e muitos não estariam preparados para a aceitar. Mas é importante que a população um dia estabilize, e é desejável que o seu número esteja adequado à capacidade de criação de riqueza.

Muitos cientistas têm dito que o crescimento da população abranda ou até decresce com o aumento da qualidade de vida (em particular das mulheres).

Os factos parecem confirmar essa afirmação. Assim que surgem possibilidades de melhorar o nível de vida, os pais procuram ter menos filhos para poderem investir mais e melhor no futuro dos seus descendentes.

Pessoalmente creio que a vida agitada e com pouco tempo disponível para atividades pessoais e familiares também tem um peso relevante na decisão de muitas famílias de não terem mais do que dois filhos (muitas ficam-se por apenas um).

Estes dois fatores ajudam a compreender porque é que a diminuição da população está fortemente relacionada com os países onde o nível de vida atingiu valores mais elevados.

Mas independentemente do que está a acontecer em muitos dos países mais ricos e desenvolvidos, o facto é que a população mundial ainda não parou de crescer.

Também não é cem por cento seguro afirmar que um dia todos os países do mundo terão um bom nível de vida, de tal modo que o controlo da natalidade se fará por si só.

Por mais que nos custe, a população não poderá crescer sempre, infinitamente. Isso só poderá acontecer se e quando conseguirmos transportar população para planetas habitáveis (parecidos com o nosso).

Sendo o Universo infinito, essa poderia ser uma solução, mas ao que tudo indica, está longe de ser alcançada. Seria necessário conseguirmos produzir naves espaciais com capacidade de transportar pessoas e carga que viajassem a velocidades muito superiores à velocidade da luz.

Até que isso possa eventualmente acontecer, temos de viver com as condições que temos: Planeta Terra com os seus limites.

Está na hora de mudarmos de paradigma. Os recursos não são ilimitados, a economia não cresce sempre, não podemos usar e gastar como se nunca acabasse.

Temos de aprender a viver de forma sustentável.

Tentaram vender-nos a ideia que a diminuição da população coloca em risco a sustentabilidade da segurança social. A verdade é que isso, um dia, pode vir a ser necessário.

Antes de pensarmos na estabilização da população, devemos começar por pensar em planear a longo prazo, para sabermos para onde queremos e até onde podemos ir.

É preferível que sejamos nós a definir o nosso rumo, de modo realístico, do que optar por ir remendando.

A pobreza e a instabilidade são terrenos férteis, para oportunistas com discursos que procuram instalar medos.

Quantos podemos ser em face do que produzimos, do modelo económico que escolhemos e dos nossos valores?

Para que no limite, ninguém viva abaixo do limiar mínimo de qualidade de vida, que entendemos por aceitável.

Tudo isto sem esquecer que o planeta não é só nosso!


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