Luís Filipe Vieira goza de um
estatuto que poucos portugueses algum dia irão gozar. É presidente de um clube
de futebol, ainda por cima, de um grande. Como todos sabemos em Portugal quando
o cidadão comum alcança o estatuto de figura pública ganha quase como um “medalhão”
de protecção, qual item mágico saído do jogo World of Warcraft ou de um filme
do Senhor dos Anéis ou Hobbit.
Esse medalhão mágico, além de
proteger das consequências que poderão ter as bisbilhotices do Ministério
Público, abre também outras portas que se encontram bem trancadas ao comum do
cidadão português. O medalhão confere ao portador uma áurea de honestidade e de
boas intenções que faz qualquer um esvaziar os bolsos para o ajudar na sua cruzada
ou apenas para vencer as suas dificuldades financeiras correntes, vicissitudes claro está,
de uma vida difícil de figura pública.
Tudo isto por causa desta
notícia: http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/divida-17-milhoes-luis-filipe-vieira-ao-bpn-assumida-pelo-estado
Estes esquemas financeiros em que
se atribuem créditos sem garantias bancárias não estão ao alcance de todos, só
dos que possuem o tal “medalhão mágico”. Depois, ainda há medalhões e “medalhõezitos”,
consoante o grau da figura pública. Conceder um crédito de 20milhões sem
garantias não é para todos. Conseguir pagar parte do crédito com acções da SLN
(que não eram cotadas em bolsa, pelo que ninguém pode saber o valor real de
cada acção) também não é para todos. Ficar a dever 17milhões ao BPN, ver a sua
dívida ser transferida para a Parvalorem com o rótulo de incobrável, não vendo
os seus bens confiscados e continuando a fazer a sua vida normal de presidente
de uma instituição pública desportiva que recebe incentivos do estado, não é
definitivamente para todos! Só mesmo a nata da nata das figuras públicas, munidas de um mega medalhão
mágico, podem almejar tal estatuto!!
O cidadão comum, esse parasita da
sociedade, que nada fez para subir na vida e lutar por agarrar o seu medalhão
mágico, só tem é que pagar pela sua inércia e inépcia e embevecer-se com a
classe, a elasticidade, a “lábia” e falta de senso civil que abunda
nestes espertos da sociedade.
Sem comentários:
Enviar um comentário