A morte de Mandela já era esperada há
pelo menos alguns meses visto que dependia de uma máquina para viver, o que eu
não esperava era que Cavaco quisesse ir à cerimónia fúnebre do mesmo. Isto
porque em 1987, Cavaco, então primeiro-ministro de Portugal, resolveu votar
contra a libertação de Mandela ao lado do Reino unido e Estados Unidos da
América. Podem dizer que o voto contra baseou-se apenas no facto de ser na
libertação armada, podem dizer o que quiserem. O facto é que os outros países,
os que não concordaram, abstiveram-se. Portugal nem votou a favor, nem se
absteve, votou contra.
A verdade é que aproveitámos essa desculpa para defender os nossos interesses. Portugal tinha, e
tem, uma comunidade de dimensão razoável na África do Sul, principalmente de
Madeirenses, cujos negócios poderiam implodir com o fim do Apartheid. Fomos
calculistas, fomos egoístas e pensámos apenas nos nossos interesses. Temos de
assumir esse erro.
Custa-me por isso pensar, que
alguém que há 26 anos teve esta atitude vá agora, como se nada se tivesse
passado, ao funeral de quem quis calar, de quem quis manter controlado. Corremos
o risco, como país, de sermos ridicularizados por isso. Enviem a Presidente da
Assembleia da República Assunção Esteves, enviem o Primeiro-Ministro Pedro
Passos Coelho, enviem o Vice ou o ministro dos negócios estrangeiros, porque a
homenagem a Mandela é mais do que merecida. Mas por favor, tenham vergonha na
cara e não enviem o presidente que foi o responsável à data pelo nosso voto
contra!..
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