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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Jogos Olímpicos – Rio 2016

Sempre que se inicia esta prova desportiva os portugueses enchem-se de esperanças nos seus atletas, como se não houvesse concorrência. Este histerismo, pouco fundamentado, porque muitos dos atletas que chegam aos jogos, chegam com os mínimos de qualificação mas sem grandes títulos na sua carreira, dá lugar a uma frustração também bem ela sem qualquer sentido. É dizer mal das pessoas, dos técnicos, da organização, dos dirigentes do comité olímpico, tudo está mal.
Eu relembro que a maioria das medalhas conquistadas tinham por trás picos de forma de atletas que chegaram a títulos de campeão europeu ou mundial. Quantos conseguiram estes títulos antes de chegarem aos jogos? Quantos dos que lá estão são o n.º 1 do ranking mundial?
Isto lembra-me um pouco a história da cigarra e da formiga. O país não investe no desporto, tirando o futebol e depois quer títulos. Os atletas que sobressaem no desporto português fazem-no devido à sua dedicação ou carolice dos pais. Hoje já vemos algumas escolas, principalmente privadas, com piscinas para os seus alunos, com infraestruturas desportivas interessantes. Ainda assim, não há um recrutamento específico e mesmo que o haja é necessário que depois haja competição. Não posso comparar o desporto chinês, norte coreano e afins, mas posso dizer que noutros países desenvolvidos como EUA, os liceus estão dotados das infraestruturas e de equipas organizadas em que os jovens em vez de praticarem vários desportos em “educação física”, optam por um desporto e focam-se nele, pois as escolas têm equipas.
Aqui em Portugal, os desportistas não são alvos de um recrutamento jovem. Sãos os pais, um professor, ou dedicação que faz com que se desenvolvam até à idade de competir a nível internacional e então aí sim, são recrutados por alguns clubes que lhes dão uma pequena ajuda ao seu desenvolvimento. Mas até aos 20 anos estão por sua conta. Isto faz com que, volta e meia, lá surge um atleta que tem capacidades físicas próprias que fazem dele capaz de fazer a diferença, mas não há continuidade, porquê? Porque um Phelps é recrutado muito cedo, porque a aposta é feita tendo logo em análise o biótipo dos pais. Se os pais são “baixotes” nem sequer perdem tempo em formar o atleta. É outro estilo. No nosso caso, às vezes lá acontece que, o muito esforço, dedicação, sorte e forma física no momento, chega para conseguir uma medalha. Mas não há padrão. Já repetimos alguma medalha, na mesma prova com atletas diferentes? Acho que não. Vemos quenianos apostar nas maratonas ou corridas de fundo, jamaicanos nas de velocidade, vê-se um padrão.
O nosso histórico diz que, até à data, temos 24 medalhas: 

Olhando para a participação no Rio, sem contar com o Bronze de Telma Monteiro, ver duas atletas no top 10 do triplo salto feminino, Patrícia Mamona (6ª) e Susana Costa (9ª), parece-me muito bem. Um pequeno país como o nosso ter 2 atletas no top 10? N. Évora no 5º? 4º lugar no k2 1000, 5º no k1 1000? 10.º no ciclismo de estrada? 7.º no contra-relógio ciclismo? 14.º nos 400m estilos? 9.º na canoagem Slalom C1? 5.º no Ténis de mesa? 5.º no triatlo? Puxa.. parece-me muito bem para quem aposta tão pouco no desporto.

Tenho esperanças que no futuro o triplo salto venha a ser uma modalidade com continuidade, vejo aqui padrão, tal como a canoagem fruto de termos o maior/melhor construtor de canoas do mundo “Nelo”. Não é por acaso que temos tido boas participações nesta modalidade. De resto, limito-me a esperar uma gracinha de um “cabeçudo” qualquer que insiste em trazer uma medalha com o nossa bandeira ao peito contra todas as probabilidades. Bem hajam pela esperança, esforço, carolice e dignidade no desporto. Desde que não acusem doping - isso sim seria vergonhoso - para mim chegam muito bem estes resultados. 

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