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segunda-feira, 18 de julho de 2016

Golpe ou farsa na Turquia

Quando na passada sexta-feira dia 15 de Julho, ao princípio da noite surge a noticia que estaria a decorrer um golpe de estado na Turquia, vi-me surpreendido e curioso com o que se estaria a passar. Seria mesmo verdade? Iria resultar? Quem estava por trás deste golpe militar? Seriam melhor ou pior que Erdogan? Será que, do mesmo mal que padeceu a Syria, estaria agora a chegar a vez da Turquia?
Bom, na verdade, nessa mesma noite, pouco depois do dito “golpe de estado”, já o presidente e o primeiro-ministro turcos enviavam comunicados a referir que o “golpe” tinha fracassado. Pensei para mim: estranho, imprudente… rápido? Fiquei um pouco baralhado.
No dia seguinte de manhã a notícia já não era o “Golpe de Estado” mas sim, as mortes e principalmente os detidos! O número de traidores detidos!
O número tem vindo a aumentar e chegou aos 7.500. Dentro deste número cabem militares e juízes do tribunal constitucional que se opunham à alteração da constituição, tão insistentemente proclamada por Erdogan, que na opinião do presidente, dá-lhe poucos poderes e pouco tempo de mandato. Uhmm…

Quando começo a pensar nisto, mais o facto de na Turquia, que foi fundada sobre o princípio de uma democracia laica, se estar neste momento e pela mão de Erdogan, a fomentar o Islão e levar a questão religiosa para o governo e para a nação, começo a temer o pior para aquele país. É impossível dissociar isto de outros momentos históricos em que estes termos de “limpeza” foram utilizados, em que se inventavam traições para eliminar opositores, em que preenchiam lugares com pessoas de “confiança” cuja lealdade rege-se, não por princípios, mas pelo medo do que lhes pode acontecer também, caso o “presidente” se lembre de lhes “limpar” a pele…
Acho que assistimos não a um golpe de estado verdadeiro, mas uma reacção, uma tentativa de sobrevivência de alguém que foi ameaçado de “limpeza”. Hoje uns, amanhã serão outros, pela perpetuação do líder, pelo culto da personagem, pelos ideais de alguém, de um louco ou visionário. A história diz que poderes absolutos são perigosamente dependentes da sanidade mental de quem conduz o destino de um povo.
Vou esperar. Escrevi este post para não me esquecer de vir aqui confirmar quando um dia, pode ser daqui por um ano, ou dois, surgir a notícia de que Erdogan conseguiu finalmente, ou tentou novamente, alterar a constituição da Turquia. Nessa altura vou-me lembrar da “farsa”.

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